quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Muita calma nessa hora

Estão acompanhando o imbróglio Veja x Luís Nassif? Eu tô!

Nassif comprou uma briga das boas com o maior semanário do país e a quarta (ou quinta? ou sexta?) maior revista do mundo. Das duas uma: ou ele é um louco inconseqüente ou sabe de muita coisa que não sabemos.

Quanto à Veja, não vou falar sobre algo que não domino. Já teve uma assinatura em minha casa, mas eu tinha 17, 18 anos - dez anos atrás, como estou velho! - e não tinha muito discernimento. Dizem que ela é maniqueísta, tendenciosa, manipuladora, esclarecedora, sensacional, um patrimônio.

Seja o que for, sua credibilidade como meio de comunicação de massa está sendo posta à prova. Nassif está causando um barulho e tanto ao contar as supostas relações promíscuas entre a alta cúpula da Veja e o banqueiro Daniel Dantas. Em resposta, a Abril entrou com uma série de processos contra o economista. Um anti-clímax, considerando que Reinaldo Azevedo - o blogueiro oficial da Veja, católico, ácido, independente (?), polêmico - ao ser questionado de seu silêncio sobre os ataques de Nassif à revista, afirmou que o "silêncio é o prenúncio da tempestade".

Pessoalmente, eu esperava uma tempestade jornalística. Algum dossiê envolvendo Nassif, alguma informação adicional sobre Daniel Dantas ou a Br Telecom, alguma denúncia de recebimento de propina por parte de altas autoridades do governo. Não uma série de processos.

Ao ser questionado sobre a resposta da Veja, Reinaldo Azevedo responde em seu blog às 21:47 do dia 15/02/2008:

Boa parte é provocação estúpida, mas até há alguns que falam de boa fé: “Vocês não vão responder a isso ou àquilo?”

Tudo será tratado nos foros adequados. E reitero: cada coisa a seu tempo, para que o conjunto não acabe transformando canalhas em vítimas. Vocês sabem: o vitimismo é um dos refúgios da bandidagem. “Ah, matei porque tive infância difícil”. “Ah, sou terrorista porque sou um resistente político”. “Ah, sou caloteiro porque sou muito esforçado”. “Ah, estão me processando só porque sou pequenino”. "Ah, achaquei porque quero o bem do Brasil".
Daqui a pouco, vai ter gente cobrando que a gente responda, sei lá, às críticas que Marcola faz ao sistema penal brasileiro, não é? Daqui a pouco, alguém vai dizer: “Você viu o que Fernandinho Beira-Mar disse? Não vai responder?”

Com adversarios respeitáveis, é possível haver interlocução, mesmo que dura. Bandidos têm de ser tratados como bandidos.

Com lei e método.


Bonito, mas também não respondeu muito... talvez esteja, como eu, esperando os resultados dos processos para poder atacar (ou defender). Cautela e canja de galinha não faz mal a ninguém.

De qualquer forma, a série de reportagens sobre a Veja no blog do Luís Nassif e a resposta de Veja proporciona uma deliciosa leitura e uma sensação de suspense digna de um filme de Hitchcock. Nassif estrá, de fato, mostrando os expedientes sujos a que uma revista pode recorrer em troca de dinheiro e influência? Será um louco inconsequente desafiando a maior revista do país em busaca de fama, vingança - ou os dois? Estará agindo a mando de terceiros?

E a Veja? É realmente esse baluarte de moralidade que Reinaldo Azevedo tanto afirma? É uma inescrupulosa, capaz de atos abomináveis como "assassinato de reputação" para manter seus lucro, influência e status? É capaz de usar sua influência para livrar a cara de homens que agem à margem da lei, em troca de dinheiro? Estará, também, agindo a mando de terceiros?

Uma coisa é fato: qualquer lado que ganhar sairá extremamante fortalecido, e qualquer lado que perder levará um tombo sensacional e será impiedosamente massacrado.

A Justiça brasileira dirá. Vamos aguardar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Bom post, Calango.

Darwinista