domingo, 30 de janeiro de 2011

Traffic, tendências do Futebol e o Botafogo

Tenho lido relatos alarmados de torcedores que vêem coma preensão o crescimento da TraffiC e nas consequências que isso trará para o futebol brasileiro, sendo a primeira delas e a mais provável a concentração de recursos em 5 ou no máximo 6 clubes, com o restante fazendo apenas figuração - conforme acontece com o futebol europeu.

Isso é uma realidade e é uma tendência - os clubes de maior torcida e maior apelo de mídia se distanciarem cada vez mais dos de menor orçamento. No aspecto micro, isso já acontece nos estaduais. Quem disse que isso não tenderá a acontecer a nível nacional?

E onde o Botafogo se encaixa nesse cenário?

Simples: temos uma das arrecadações mais baixas dos clubes de prmeira divisão. Como afirmaram aqui anteriormente, se não fosse o Engenhão estaríamos certamente mofando na segunda divisão. Temos, segundo pesquisas, 1/10 da torcida rubro-negra, embora tenhamos conservado a capilaridade - 65% de nossa torcida está fora do Rio. Temos um quadro social ínfimo. Temos um dos orçamentos mais baixos para o futebol, no que diz respeito a clubes de primeira divisão.

Mas ainda assim, se soubermos aproveitar todas as potencialidades do Engenhão e do sócio-torcedor, podemos ganhar em torno de R$ 150 milhões/ano. Isso já incluso pubilicidade do estádio e patrocínios de uniforme, deixo claro. Porém, é uma quantia insuficiente para competir com um clube como o flamengo, que tem potencial para ganhar R$ 250 milhões/ano.

Porém, um detalhe: o flamengo pode obter R$ 250 milhões/ano apenas do futebol. Não há outras fontes de receitas. Em suma: não há possibilidade de diversificação.

Nós temos essa possibilidade de diversificação, pois temos os ativos mais bem-localizados do Rio de Janeiro.

- Temos uma sede localizada a meio-caminho entre o centro financeiro e a rede hoteleira, com um imenso terreno ainda disponível.

- Temos uma sede de esportes aquáticos com imenso potencial para se transformar em uma marina (ok, tem a questão do tombamento do espelho d'água, mas ele pode ser "destombado") e complementar a Marina da Glória, que está saturada.

- Tem ainda a questão do Shopping (apesar de ninguém saber o teor desse contrato) e do Engenhão - que tem potencial para shopping, pois o mercado imobiliário ao redor está em franca expansão, e os shoppings mais próximos já estão com problemas de saturação.

Vamos por partes:

SEDE - um terreno enorme representado pelo campo de Gal. Severiano e o CT João Saldanha. Um terreno com um imenso potencial imobiliário para a construção de um centro de convenções e uma torre comercial, em uma área que é carente disso e possui a vantagem, como eu disse, de estar a meio-caminho entre o centro financeiro e a rede hoteleira. Me perdoem os puristas, mas é a sobrevivência do Botafogo como instituição que está em jogo. Troco com um sorriso de orelha a orelha o CT João Saldanha por um centro de convenções e uma torre comercial se isso significar R$ 40 milhões de lucro líquido para o Botafogo todo ano.

MOURISCO-MAR - conforme o Renato tinha dito aqui anteriormente, era um dos sonhos do César Maia: uma marina que poderia ajudar a desafogar a Marina da Glória de quebra gerando 1 milhão de reais mensais de lucro para o Botafogo, ou 12 milhões de reais anuais. Porém isso esbarra na questão do tombamento do espelho d'água, mas como eu mesmo já falei, é uma questão de interpretaçao de legislação e de vontade política. Lembrem-se que o que é tombado, pode ser "destombado", e acredito que seria mais fácil, pois não é como demolir uma edificação histórica.

ENGENHÃO - Dispensa explicações. Um imenso potencial de consumo, dado o surgimento de diversos empreendimentos imobiliários tão rápidos quanto cogumelos em tronco depois da chuva. Isso significa consumidores em potencial - principalmente das classes B e C. Ainda há problemas de escoamento de tráfico a serem resolvidos, mas as possibilidades de lucro também compensam. Imenso potencial para um shopiing-center, criando uma terceira opção para aqueles que pretendem escapar do Norte Shopping e do Nova América, já saturados. Bem-servido de linhas municipais e inter-municipais de ônibus, além da Supervia. Lembrem-se que ainda há uma área anexa gigantesca pertencente à União.

Não é simples. Não é fácil. Faz-se necessário a presença de empreendedores ferozes e negociantes hábeis com bom trânsito na política do Rio. Teremos que bater de frente também com tradicionalistas que vêem o campo de Gal. Severiano como o repositório da História do Botafogo - até certo ponto, com razão. Muitos protestarão contra aquela que acredito chamarem "a segunda venda da sede", e creio ser aí que se originará a maior oposição, pois envolve quem tem poder de decisão - sócios e conselheiros.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Ainda sobre a carapuça

Tem-se falado muito nos últimos dias sobre a atuação da tão propalada "flapress" - que é como chamam os principais veículos de mídia esportiva do Rio de Janeiro. De análises coerentes até teorias conspiratórias das mais estapafúrdias. Mas todas sempre com a mesma crítica - o constante favorecimento ao clube de regatas flamengo, o time com a maior quantidade de adeptos.

Bom, tenho uma opinião diferente da da maioria do pessoal.

O que a galera chama de "flapress", eu chamo de "lógica de mercado". A linha editorial de qualquer diário esportivo é baseada no retorno de publicidade e visibilidade que cada time dá. Baseado nisso, sempre haverá mais espaço para o time de maior torcida - o que dá maior retorno - e o tal time quase sempre conviverá com notas favoráveis (Em São Paulo acontece a mesma coisa com o corinthians). Fosse o Botafogo o time de maior torcida, seria a mesma coisa. Até aqui creio não estar falando nenhuma novidade.

A menos, óbvio, que um bruno ou um adriano faça cagadas monumentais. Aí não tem como segurar - mas mesmo nesse caso, o veículo de comunicação fará de tudo para dissociar a agremiação futebolística do personagem. Tanto que ao noticiarem algo sobre o bruno, eles falam "o ex-goleiro bruno" e não "o ex-goleiro do flamengo, bruno".

Mas o "imbróglio" Loco x Joel chamou a atenção pela forma descarada como tentaram pintar um cenário de catástrofe em uma ocorrência normal. Afinal, discordâncias e contestações existem em todo lugar. Até que o GE.com pegou "leve". Já o Lance! teve atuação digna de The Sun e The Mirror.

Tendo passado a maré Ronaldinho, os diários esportivos cariocas estão em busca de notícias bombásticas, e eis que surge um ruído entre técnico e jogador de um time que adoram pegar para Geni.

Diga-se de passagem, foi o time que é o atual campeão estadual - sem a necessidade de final, imaginem o preju - em cima do time que dá maior retorno financeiro e que tinha tudo para levar todos os títulos de 2010.

Lembrem-se que um dos personagens do imbróglio foi o autor de um gol que sublimou todas as humilhações sofridas nos três anos anteriores, de quebra humilhando o arrogante ex-arqueiro rubro-negro e atual hóspede da penitenciária de Contagem.

Lembrem-se do fato da "geração zico" atualmente estar dominando as redações esportivas - embora isso não tenha se traduzido em melhora da qualidade.

Agora juntem tudo isso. O resultado é isso aí que vimos.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A carapuça serviu...


A charge acima foi publicada no Blog do Torcedor do Botafogo no Globoesporte.com, e foi retirada do ar por solicitação da administração do site, que pediu para "não cutucar a concorrência dessa forma".

O GE.com foi idiota. Acusou o golpe e vestiu a carapuça. E o pior é que se teve algum veículo de mídia que foi flapress nesse imbróglio Loco X Joel, foi aquele tablóide esportivo sensacionalista chamado "Lance!"

Clausewitz, Napoleão, exército de massas e o Botafogo

Estou começando a ler um livro interessantíssimo (para quem é entusiasta do assunto) chamado "Da Guerra", escrito por Carl von Clausewitz, general prussiano que lutou contra as forças de Napoleone Buonaparte.

Clausewitz conseguiu colocar em um livro o que Napoleão fez no campo de batalha. Napoleão revoucionou a organização militar ao mudar a arte da guerra. No séc XVII, os exércitos eram compostos por profissionais com anos de experiência cuja única virtude solicitada era a obediência - daí a grande quantidade de mercenários em suas fileiras. Diga-se de passagem, eram forças altamente profissionais, mas de tamanho limitado, assim como suas guerras.

Napoleão mudou isso ao compor seu exército de "patroitas" - pessoas que acreditavam que lutavam, matavam e morriam por algo superior. Entrou um elemento novo na guerra: o moral.

Napoleão, de maneira brilhante, soube compreender o significado do moral, com o qual inflamava o entusiasmo dos homens através de discursos inflamados e manifestações de solicitude. O resultado disso é que ele redesenhou a Europa a seu belprazer.

Clausewitz conseguiu converter as táticas e estratégias de Napoleão em pensamento e palavras. Compreendeu que o sucesso de napoleão se devia à substituição do pequeno exército profissional pelo exército de massas. O conceito de guerra passara a ser nacional. Surgiria a "nação em armas". A democratização da guerra.

Clausewitz dizia, com efeito: "Dêem a guerra ao povo! O Estado é do Povo!"

Mas isso não surgiu da noite para o dia. A oposição política veio daqueles que receavam mais os cidadão armados do que as invasões estrangeiras. Afinal de contas, um camponês com uma arma pode começar a pensar qual é afinal o seu lugar na sociedade.

E onde o Botafogo entra nisso?

Simples: o Botafogo tem grande semelhança com as monarquias pré-napoleônicas:

- uma pequena classe dirigente (Maurício Assumpção, vices-presidentes e diretores);
- uma nobreza que teme - infundadamente - perder seus privilégios (os sócios-proprietários);
- um pequeno exército profissional (os jogadores);

E milhões de patriotas aguardando um Napoleão compreender que isso tudo mudará - e para a melhor - quando colocarmos os "patrotas" em marcha - ou seja, pessoas tem uma razão para lutar e acreditam nessa razão - ou seja: nós, os torcedores.

As vitórias espetaculares da França e o início da formação, sessenta anos depois, daquela que seria a mais formidável máquina militar do começo do século XX - o Império Alemão veio com a democratização da guerra. Veio quando o povo foi chamado para comprar a briga. (Óbvio. daí originaram-se também as maiores tragédias do séc. XX. Mas isso é assunto para outra hora.)

E é isso que falta para o Botafogo voltar a ser temido, como há 40 anos atrás - a democratização do seu futebol. A criação de um exército consciente de seu papel e da causa pela qual luta.

Entendem por que temos que lutar pelo Sócio-torcedor com direito a voto?

Voltarei mais tarde ao assunto, enquanto leio o livro - que não é pequeno, pois tem 930 páginas, e ainda estou na introdução. Mas prometo terminar antes de morrer.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Gira mundo

Já repararam que há vinte anos atás o tema que dominava os noticiários do começo do ano era a seca?

Pois bem... Agora é a chuva o principal assunto.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Degenerados

Tudo começou com uma montadora alemã residente na cidade alemã de Stuttgart e famosa por produzir esportivos de alto nível há mais de 50 anos que resolve dar uma variada no cardápio e entra de sola pondo no mercado um SUV. Para o iguinorântio que não sabe, SUV é a sigla para Sport-Utilitary Vehicle - veículo utilitário esportivo em tupiniquim. Aqueles carros grandões que só servem para aumentar o preço da gasolina e causar aporrinhação na hora de estacionar. O resultado disso foi o Cayenne, um sucesso de vendas, diga-se de passagem. O que só comprova o nível de degeneração a que chegou a raça humana.

Porsche Cayenne. Crédito: Globo.com

Mas não satisfeita, a montadora resolve cometer uma segunda heresia e lançar no mercado uma versão quatro portas superesportiva. Nasce assim a aberração chamada Panamera.

Porsche Panamera. Crédito: Globo.com

Achava que a loucura tinha parado por aí. Mas miséria gosta de companhia. E não é que uma montadora italiana lá na pequena cidade de Modena resolve lançar um 4X4 com capacidade para carregar quatro pessoas?

Ferrari FF. Crédito: Globo.com

Heresia! Anátema seja!

Bom, para mim tanto faz como tanto fez. Não tenho dinheiro para comprar nenhum deles...

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Mea Culpa

Podem me xingar. Fui assistir a peça "mais respeito que sou tua mãe". Minha mulher quis assistir, era aniversário dela e não adianta discutir com madame.

A peça em si é até bem divertida. Um "A Grande Família" fortemente temperado com palavrões. Uma mulher casada, mãe de três filhos, cuja família viveu dias melhores, mas encontra-se na pindaíba graças ao marido desempregado, sobrevivendo da aposentadoria do sogro maconheiro e do salário de um dos filhos (o mais queridinho) - os outros dois não qurem nada com a voz do Brasil.

Daí o que se vê são situações do dia-a-dia, onde são abordadas de maneira divertida questões como o homossexualismo, a internet, a sexualidade na adolescência, a gatonet, a plantação doméstica de maconha e... ah, vão ver a peça pois não tenho saco para ficar descrevendo. Mas quem for estudante, leve a carteira, caso contrário, vai pagar 70 reais(!)

Bom, diga-se de passagem, casa cheia. Aí me pergunto: um sucesso de público precisava obter verba da lei de incentivo à cultura?

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

1995, 2011 e a postura da diretoria do Botafogo

Após o anúncio da contratação de R. Gaúcho pelo flamengo, e passada toda a euforia inicial (boa e má), tenho lido muitas declarações iradas de leitores de vários fóruns alvinegros criticando a incapacidade da diretoria de conduzir um projeto de magnitude semelhante. Algumas críticas tem se mostrado de grande coerência. Outras, de grande irracionalidade. Mas todas tendo como característica comum a contundência.

Não terei como fazer coro com vocês, pois acho que a diretoria alvinegra, apesar de todas as críticas que tenho à respeito da inocência de André Silva, de algumas contratações suspeitas, do histórico de Anderson Barros, da manutenção injustificável de peças hostilizadas há tempos pela torcida e que já demosntraram não terem condições de envergar o manto, tem agido corretamente nesse ponto.

Não temos condições financeiras e apelo de torcida para colocar um jogador desse quilate em Gal. Severiano. Seria o tipo de contratação suicida, tendo em vista a situação de penúria financeira que estamos vivendo. Mas alguém me questionará: o flamengo também está na pindaíba. E por que contratou?

Respondo: porque não tem dinheiro, mas tem apelo de mídia. E não desembolsou um centavo nessa contratação. Embora também certamente levará muito pouco, pois terá direito a um teto de ganhos nos contratos de patrocínio que fechar. O restante irá para a Traffic e para o Assis. A Patrícia Amorim espera poder pagar os salários dos jogadores e comissão técnica com os ganhos indiretos da venda de produtos licenciados, com a cota que lhe caberá dos patrocínios e com as rendas de bilheteria (essas últimas, apesar das penhoras). Esqueçam as cotas de TV, que estão todas adiantadas.

Não vejo com bons olhos essa contratação. O pessoal com mais de 30 deve lembrar perfeitamente do ano de 1995, que teve tembém uma contratação bombástica no flamengo: Romário.

E considero ainda mais bombástica que a do dentuço, pois Romário tinha sido campeão da Copa do Mundo meses antes, e seu futebol ainda estava no auge. Se vocês observarem, há muitas semelhanças entre os acontecimentos de hoje e os acontecimentos de dezesseis anos atrás. A começar pelo técnico, passando por toda a festa feita, intensificada pelo fato de 1995 ser o ano do centenário do flamengo, e chegando no fato de terem sido contratados para fazerem companhia ao Romário os atacantes Sávio e Edmundo. Misturaram a TNT com a Nitroglicerina e jogaram dentro de um barril cheio de Nitrocelulose.

O resultado não poderia ter sido diferente. Merda. E das grandes.

Embora eu acredite que isso tem uma chance menor de acontecer hoje. Menos pelo temperamento de Luxemburgo e mais pelo temperamento de Ronaldinho, que me parece ser uma pessoa dócil, de fácil trato. Uma criança grande. Bem diferente de Romário e Edmundo.

Outro erro por mim considerado é o fato de ter sido assinado um contrato de 4 anos. Provavelmente ditado pelo Assis, que espera ver seu cliente jogando a copa de 2014. Pessoalmente, acho difícil Ronaldinho, aos 34 anos em 2014, ter a mesma performance que teve entre 2002 e 2005. Embora, fiquem certos disso, será feita uma pressão violenta por parte da imprensa carioca para que Ronaldinho seja convocado. Mas nao era sobre isso que queria falar. Estão partindo - erroneamente - do pressuposto de que Ronaldinho manterá a mesma performance pelos próximos quatro anos. Tenho certeza que não. E vou mais longe: se mantiver a vida de boemia que com certeza manterá, sua performance decairá rapidamente. Até mesmo para o futebol de baixo nível aqui praticado. E a festa dará lugar a críticas e xingamentos da torcida. Aí começará a crise.

Mas o efeito nefasto de tudo isso é a pressão que os torcedores dos outros 3 grandes estão fazendo sobre as outras diretorias - em particular as do Botafogo e do Vasco - para que sejam feitas contratações do mesmo nível. Fato semelhante aconteceu em 1995. o Botafogo contratou o Bebeto em 1997, e saiu contratando indiscriminadamente. Para ficar em um só exemplo. O resultado vemos aí: mais de R$ 300 milhões em dívidas.

Apesar de todas as críticas que tenho ao depto. de futebol do Botafogo, nesse ponto, eles estão agindo corretamente.