quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Assuntando

Não tem coisa melhor para o seu ego quando seu chefe lhe pede algo com urgência e você diz: já está pronto. Foi o que aconteceu comigo hoje.

***

É curioso quando algumas pessoas, não satisfeitas em mostrar seus argumentos, procuram desqualificar as pessoas quando escrevem algo com o que não concordam.

Percebi isso no blog do Reinaldo Azevedo. Às 05:31 do dia 26/02/08, ele escreveu um post saudando a decisão do Serra de vetar a entrada de estatais no leilão da CESP, com o objetivo, segundo o Estadão, de "garantir o ingresso do capital privado no setor de infra-estrutura e evitar a influência política na gestão das companhias".

Abaixo foi minha ressalva, devidamente publicada:

"Rei, só uma ressalva:

Você diz que "uma estatal dá ao estado e aos partidos que estão no governo um poder que eles jamais deveriam ter".

Mas se uma estatal dá lucro, não acho que seja lógico abrir mão dela tendo o parágrafo acima como argumento. É semelhante a cortar a macieira por causa de algumas maçãs podres.

E vale a pena lembrar que empresas privadas financiam eleições. E cobram a fatura depois. Ou seja, possuem uma interferência política tão forte quanto as estatais. Por exemplo: dois dos maiores financiadores das campanhas presidenciais nas últimas eleições foram bancos privados.

Deixo claro: dinheiro é muito bem vindo - público ou privado. Mas não vejo muita lógica na decisão de Serra, a menos que a CESP esteja operando no vermelho. Está
?"

Para ele, o papel do estado é fornecer segurança - jurídica, econômica e física - educação e emprego - através de políticas econômicas que estimulem a geração do mesmo. Apenas isso. O resto fica na mão da iniciativa privada.

Nada tenho contra dinheiro privado. É muito bem vindo, se gerar emprego. Só acho que se uma estatal é bem gerida e dá lucro, acho meio fora de lógica vendê-la, pelas razões que citei acima. E procurei mostrar que influência política não é apenas privilégio de estatais.

Bastou para alguns leitores mandarem comentários com esse (que se apresentou como "anônimo"):

Ai... que coisa...

Tem gente comentando aqui que
"estatal que dá lucro não devia ser privatizada..."

Eu, no caso..

Puxa vida... lucro e estatal não combinam, pois a ingerência política nas empresas come todo o ganho de produtividade...

Combinam sim. E você confirmará isso logo abaixo...

A Petrobrás dá lucro.... dá sim senhor.... O Banco do Brasil dá lucro... dá sim senhor... e o palhaço o que é???

É ladrão de mulher!

Essas empresas dão lucro porque têm que dar senão estarão na contra-mão da lógica do mundo...
*) Petróleo com preços perto do topo histórico...


Antes disso a Petrobrás dava lucro. Graças às mudanças feitas por FHC. E não precisou privatizar.

**) Bancos...que dizer dos bancos... ainda me lembro de petistas demonizarem os bancos pelos lucros abusivos... nuna mais se pronunciaram...

Falou muito e não disse nada. Quem cala consente. E os petistas demonizam, não eu. Embora ache um absurdo a diferença entre a selic e as taxas de juros reais praticadas pelo mercado. E eu disse que as empresas privadas também têm influência política. E mostrei os bancos como exemplo. O leitor contestou isso? NÃO.

Só falta reestatizarem a Vale e outras empresas do setor porque... dão lucro!!!

E quem falou em reestatização? Ficou louco?

Tio Rei... prá esses aí.... só desenhando mesmo...

É... mas parece que nem desenhando você vai entender...

Respondeu também um - de nome Claudino:

Começo concordando com o Anônimo da 8:56.

Quanto à "ressalva" do Calango, meu, numa boa!, por que vc não fez a analogia com insetos, ao invés de com maçãs podres? Afinal, é disso que os lagartos mais entendem e para o que têm melhor afiadas suas linguas. Por que não comparar assim, ó: "Faz sentido os órgãos sanitários do governo pulverizarem pela cidade inseticida para matar os Aedes Egyptis contaminados com o virus da dengue, quando também podem matar aqueles que não estão contaminados, contadinhos?"

E olha, calango, ainda assim a resposta seria: SIIIIMMMMM! para o caso dos mosquitos da dengue, contaminados e não-contaminados, e para o caso das estatais, lucrativas e não-lucrativas: em ambos os casos corta-se o mal pela raiz.


SIIIIMMMMM!!!! Para mim não é resposta. Te apresentei argumentos, se contrapunha a eles. Não venha se valer de analogias baratas - como eu fiz, mas seguida de argumento.

A minha resposta é NÃÃÃÃÃÃÃO! Simplesmente porque não segue a lógica. Algum conselho acionista de uma empresa privada abrirá mão de seus lucros por causa do gerente que rouba? NÃÃÃÃÃÃO!!! No máximo demitirá o gerente. Por que o estado deveria abrir mão de uma fonte de receitas, visando evitar "ingerência política"?

Aí me vem outro, também atendendo por "anônimo":

Álguns comentários vieram com a ladainha de que não se deve privatizar empresas estatais que dão lucro, é o velho lero antiprivativista. O dificil vai ser voces sustentarem com argumentos em que a privatização pode ser prejudicial ao País? Em que o controle estatal é melhor que o privado?

Em primeiro lugar, eu não disse em momento nenhum que a privatização foi prejudicial ao Brasil. Fui a favor de muitas delas, como as das teles e as do setor de transmissão e distribuição de energia.

Agora eu te lanço a pergunta: em que o controle privado é melhor que o estatal?
A questão que levantei foi de lógica, e não de ideologia.

Odeio estatocracia, assim como odeio estatofobia. Nada extremado pode fazer bem.

E para os que acham que estatal é sinônimo de ineficiência e prejuízo, pasmem: a maior empresa da Noruega é uma estatal - STATOIL - do setor petrolífero presente em mais de 40 países.

Imaginem o choque que deve ser para comentaristas como esses acima mencionados um país institucionalmente avançado - anos-luz à frente do Brasil - como a Noruega possuir uma estatal...

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