Há algum tempo, postei no meu ex-blog essa crônica. Acho que seria uma forma apropriada de homenagear o Homem que venceu a Natureza. E também todos aqueles que morreram tentando - não sei o número oficial, mas sei que passa de 150.
O monte - Uma parábola
Olhei o monte. Lá estava ele. Altivo. Imponente. Soberbo, na certeza de sua supremacia. Desafiante. Observei o granito nu e seu eterno e alvo véu. Comparo-o a uma mulher. Querendo ser seduzida. Olhando-me do alto. Despertando minha cobiça.
"Conquiste-me se for capaz!"
Subi. Muitos me acompanharam.
Muitos se limitaram a olhar. Uns torcendo pelos que subiam. Outros torcendo para que caíssem. Alguns pararam para tomar fôlego. Outros pararam e desceram. Outros tropeçaram e caíram. Outros continuaram a subir.
E a subida ficava mais íngreme. E mais fria. Não olhe para os lados. Não olhe para baixo. Não olhe para a frente.
Olhe para o alto, seu idiota!
Falta pouco. Agora tudo está branco. Um branco sedutor. E mortal. Muitos ficam cegos. Muitos param e descem. Muitos caem.
Não olhe o branco! Olhe o azul!
Lá está. O pico! Já vejo alguns acenando! Falta pouco! Alguns atiram pedras. Alguns são atingidos. alguns caem. De repente, um dos que atirava a pedra escorrega. Queda livre.
Poucos metros. Tenho vontade de correr, mas com isso vou me esgotar. Um pé na frente do outro.
Sou saudado por muitos. Alguns resmungam. "Sortudo..."
Muitos olham para baixo, observando os outros que ficaram.
Os outros que caem.
Os outros que sobem.
Os outros que descem.
Os outros que param.
Outros sentam e descansam. Olho a minha volta.
Só para descobrir que há uma montanha mais alta lá na frente.
sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
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