Tenho lido relatos alarmados de torcedores que vêem coma preensão o crescimento da TraffiC e nas consequências que isso trará para o futebol brasileiro, sendo a primeira delas e a mais provável a concentração de recursos em 5 ou no máximo 6 clubes, com o restante fazendo apenas figuração - conforme acontece com o futebol europeu.
Isso é uma realidade e é uma tendência - os clubes de maior torcida e maior apelo de mídia se distanciarem cada vez mais dos de menor orçamento. No aspecto micro, isso já acontece nos estaduais. Quem disse que isso não tenderá a acontecer a nível nacional?
E onde o Botafogo se encaixa nesse cenário?
Simples: temos uma das arrecadações mais baixas dos clubes de prmeira divisão. Como afirmaram aqui anteriormente, se não fosse o Engenhão estaríamos certamente mofando na segunda divisão. Temos, segundo pesquisas, 1/10 da torcida rubro-negra, embora tenhamos conservado a capilaridade - 65% de nossa torcida está fora do Rio. Temos um quadro social ínfimo. Temos um dos orçamentos mais baixos para o futebol, no que diz respeito a clubes de primeira divisão.
Mas ainda assim, se soubermos aproveitar todas as potencialidades do Engenhão e do sócio-torcedor, podemos ganhar em torno de R$ 150 milhões/ano. Isso já incluso pubilicidade do estádio e patrocínios de uniforme, deixo claro. Porém, é uma quantia insuficiente para competir com um clube como o flamengo, que tem potencial para ganhar R$ 250 milhões/ano.
Porém, um detalhe: o flamengo pode obter R$ 250 milhões/ano apenas do futebol. Não há outras fontes de receitas. Em suma: não há possibilidade de diversificação.
Nós temos essa possibilidade de diversificação, pois temos os ativos mais bem-localizados do Rio de Janeiro.
- Temos uma sede localizada a meio-caminho entre o centro financeiro e a rede hoteleira, com um imenso terreno ainda disponível.
- Temos uma sede de esportes aquáticos com imenso potencial para se transformar em uma marina (ok, tem a questão do tombamento do espelho d'água, mas ele pode ser "destombado") e complementar a Marina da Glória, que está saturada.
- Tem ainda a questão do Shopping (apesar de ninguém saber o teor desse contrato) e do Engenhão - que tem potencial para shopping, pois o mercado imobiliário ao redor está em franca expansão, e os shoppings mais próximos já estão com problemas de saturação.
Vamos por partes:
SEDE - um terreno enorme representado pelo campo de Gal. Severiano e o CT João Saldanha. Um terreno com um imenso potencial imobiliário para a construção de um centro de convenções e uma torre comercial, em uma área que é carente disso e possui a vantagem, como eu disse, de estar a meio-caminho entre o centro financeiro e a rede hoteleira. Me perdoem os puristas, mas é a sobrevivência do Botafogo como instituição que está em jogo. Troco com um sorriso de orelha a orelha o CT João Saldanha por um centro de convenções e uma torre comercial se isso significar R$ 40 milhões de lucro líquido para o Botafogo todo ano.
MOURISCO-MAR - conforme o Renato tinha dito aqui anteriormente, era um dos sonhos do César Maia: uma marina que poderia ajudar a desafogar a Marina da Glória de quebra gerando 1 milhão de reais mensais de lucro para o Botafogo, ou 12 milhões de reais anuais. Porém isso esbarra na questão do tombamento do espelho d'água, mas como eu mesmo já falei, é uma questão de interpretaçao de legislação e de vontade política. Lembrem-se que o que é tombado, pode ser "destombado", e acredito que seria mais fácil, pois não é como demolir uma edificação histórica.
ENGENHÃO - Dispensa explicações. Um imenso potencial de consumo, dado o surgimento de diversos empreendimentos imobiliários tão rápidos quanto cogumelos em tronco depois da chuva. Isso significa consumidores em potencial - principalmente das classes B e C. Ainda há problemas de escoamento de tráfico a serem resolvidos, mas as possibilidades de lucro também compensam. Imenso potencial para um shopiing-center, criando uma terceira opção para aqueles que pretendem escapar do Norte Shopping e do Nova América, já saturados. Bem-servido de linhas municipais e inter-municipais de ônibus, além da Supervia. Lembrem-se que ainda há uma área anexa gigantesca pertencente à União.
Não é simples. Não é fácil. Faz-se necessário a presença de empreendedores ferozes e negociantes hábeis com bom trânsito na política do Rio. Teremos que bater de frente também com tradicionalistas que vêem o campo de Gal. Severiano como o repositório da História do Botafogo - até certo ponto, com razão. Muitos protestarão contra aquela que acredito chamarem "a segunda venda da sede", e creio ser aí que se originará a maior oposição, pois envolve quem tem poder de decisão - sócios e conselheiros.