Como fui estudante de Relações Internacionais (até o 3º período), aturem-me dando uma de comentarista político.
E o comentário de hoje será sobre a visita do negão mais popular do mundo atualmente. Não, não é o Pelé. É o Obama.
Todos ficaram encantado com sua simpatia e oratória (inclusive eu), mas que fique algo bem claro: é um homem de negócios do Estado.
Afagou o ego dos brasileiros com palavras bonitas, charme e carisma. Mas veio aqui por dois motivos principais: petróleo e empregos (para cidadãos estadunidenses). Isso ele deixou bem claro em seu discurso em Brasília.
Os Estados Unidos estão ainda sob efeitos da bolha imobiliária que estourou em 2008, e o crescimento do PIB em 2010 foi de meros 2,8%, isso com um déficit público de US$ 1,4 trilhão em 2010. A única forma de arrecadar e diminuir o déficit é exportando.
Obama está tentando criar uma saída para aumentar as exportações norte-americanas, e, como historicamente sempre foi, é a América Latina. Só que ele está com um problemão, pois tem a China no páreo, cujos produtos são muito mais competitivos, pela fartura de mão-de-obra. E além disso, Dilmão deixou bem claro que quer a derrubada de barreiras alfandegárias ao etanol da cana, que é muito mais competitivo que o etanol de milho, que é subsidiado. Só que isso não é fácil de conseguir, pois é necessária autorização do congresso norte-americano, que possui uma bancada fortíssima composta por integrantes que defendem os agricultores.
(aliás, dizer que não é fácil é eufemismo. É impossível)
Obama também está de olho no pré-sal. Não, a US Navy não vai tomar o pré-sal amanhã. Na verdade, eles querem diminuir a dependência do petróleo árabe, pois o Oriente Médio está se revelando cada vez mais instável. Especialistas estão quase certos que o próximo conflito de grande escala será lá. E o pré-sal brasileiro se revela um precioso achado. Tanto que o Eximbank norte-americano concederá US$ 1 bilhão para financiar projetos ligados ao pré-sal, além de acordos assinados na área de P&D. Além de um programa conjunto de desenvolvimento de biocombistível para aviação.
Esses discursos e visitas do Obama não é nada mais que o uso do seu magnetismo pessoal para conseguir apoio popular do brasileiro para uma agenda conjunta com o governo do Brasil (algo muito mais fácil de se conseguir se o governo brasileiro não tiver que lutar contra a oposição popular), com vistas a tentar frear a "invasão" chinesa. Conta a seu favor o fato de estarmos também sofrendo coma concorrência chinesa, o que pode facilitar um alinhamento.
A ascensão da China como terceira economia mundial nos deixa em posição muito melhor para negociarmos, pois somos 187 milhões de habitantes em um gigantesco território com reservas minerais gigantescas ainda não exploradas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário