Certa vez, li um panfleto evangélico intitulado "O homem que matou Deus", falando a respeito de Nietzche e de uma de suas frases mais explosivas (imagina decretar a morte de Deus em pleno século XIX). Pois bem, esse panfletinho nos advertia a não seguirmos o caminho de Nietzche, pois "o seu fim foi terrível" (a velha tática da ameaça). E dizia que Nietzche no seu leito de morte afirmara que "se existe um Deus vivo, sou o mais miserável dos homens".
Acreditei em tal história durante muito tempo. Até que um dia li o livro "Nunca houve um homem como Heleno" do jornalista Marcos Eduardo Neves, que contava a biografia de Heleno de Freitas, grande jogador do Botafogo da década de 40 e um ícone de sua época, que terminou seus dias em um manicômio em S. J. Nepomuceno, vítima de sífilis em último grau.
Bom, não sei se os leitores daqui se interessam por futebol. Eu, particularmente, adoro. Ninguém é perfeito. Mas esse livro é bem interessante pelo fato de descrever todo o processo de degeneração do sistema nervoso de uma pessoa atacada por sífilis. Certamente alguns já conhecem, mas vou resumir: inicialmente há alterações repentinas de humor com frequentes rompantes de agressividade, passando para uma perda de lucidez que faz com que a vítima fale e faça coisas sem sentindo (nesse momento a pessoa é internada, muitas vezes pelo resto da vida), evoluindo para uma paralisação progressiva dos membros superiores e inferiores e encerrando-se em um estado vegetativo.
Pelo que consta, Nietzche teve idêntico fim.
Aí vem a questão: Uma pessoa em estado vegetativo não fala nada. Não faz nada. Como Nietzche teria proferido as palavras citadas pelo tal panfletinho se estava em estado vegetativo? Como dizia um programa de humor nacional: "Mistérios sobrenaturais do outro mundo".
Eis aí um caso claro de manipulação de informação. Mas... tudo em nome da fé. Até inventar que um filósofo em estado vegetativo cuja obra teve como marca a repulsa ao cristianismo teria admitido a possibilidade da existência de Deus.
Acreditei em tal história durante muito tempo. Até que um dia li o livro "Nunca houve um homem como Heleno" do jornalista Marcos Eduardo Neves, que contava a biografia de Heleno de Freitas, grande jogador do Botafogo da década de 40 e um ícone de sua época, que terminou seus dias em um manicômio em S. J. Nepomuceno, vítima de sífilis em último grau.
Bom, não sei se os leitores daqui se interessam por futebol. Eu, particularmente, adoro. Ninguém é perfeito. Mas esse livro é bem interessante pelo fato de descrever todo o processo de degeneração do sistema nervoso de uma pessoa atacada por sífilis. Certamente alguns já conhecem, mas vou resumir: inicialmente há alterações repentinas de humor com frequentes rompantes de agressividade, passando para uma perda de lucidez que faz com que a vítima fale e faça coisas sem sentindo (nesse momento a pessoa é internada, muitas vezes pelo resto da vida), evoluindo para uma paralisação progressiva dos membros superiores e inferiores e encerrando-se em um estado vegetativo.
Pelo que consta, Nietzche teve idêntico fim.
Aí vem a questão: Uma pessoa em estado vegetativo não fala nada. Não faz nada. Como Nietzche teria proferido as palavras citadas pelo tal panfletinho se estava em estado vegetativo? Como dizia um programa de humor nacional: "Mistérios sobrenaturais do outro mundo".
Eis aí um caso claro de manipulação de informação. Mas... tudo em nome da fé. Até inventar que um filósofo em estado vegetativo cuja obra teve como marca a repulsa ao cristianismo teria admitido a possibilidade da existência de Deus.
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